BABY BOY 4: A FUGA

Capítulo 1

 

Baby Boy dirigia o sedã Nissan verde escuro roubado de 2002 em direção a Indio, Califórnia. Ele e Rex ficavam em silêncio, observando a paisagem seca do sul da Califórnia passar rapidamente. Ambos tinham suas janelas abertas. O ar quente do deserto era necessário para dissipar o cheiro de ansiedade que enchia o carro.

Em Indio, Baby Boy conduziu o carro até a estação de ônibus Greyhound. De lá, ele dirigiu a distância que, ao percorrer a pé, o fez pensar que iria perder a segunda parte de sua viagem para Mexicali. E quando avistou o armazém abandonado onde ele havia escondido as bolsas, sentiu-se aliviado. Inicialmente, ao passar pelos prédios, todos pareciam cinzentos e retangulares, então ele temia não ser capaz de identificar o prédio uma vez que escondesse as malas. Mas a janela com uma rachadura, que fez Baby pensar que não haveria um guarda de segurança patrulhando, chamou tanta atenção enquanto dirigia quanto a pé.

Rex se inclinou para frente para analisar melhor o local. “Você deixou minha bolsa aqui? É um depósito?”

“Não, eu escondi na parte de trás,” Baby explicou, afastando sua cabeleira loira que ameaçava cobrir seus olhos.

Rex lançou a Baby um olhar de desagrado que Baby se recusou a reconhecer. E quando o carro foi estacionado, Rex foi o primeiro a sair.

“Onde está?” Rex perguntou, vasculhando a propriedade.

Baby levou Rex até a parte da cerca onde o fundo estava levantado, mostrando a Rex como deslizar por baixo. Do outro lado, ambos correram para a unidade de ar condicionado e encontraram um pedaço de papelão preso entre ela e a parede.

“Você deixou do lado de fora?” Rex perguntou, irritado.

“Greyhound não tinha armários. O que mais eu deveria fazer com isso? Você disse que não iríamos voltar para nossos apartamentos e que não deveríamos levá-lo para o México.”

“É porque Jose desconfiaria de algo se você chegasse com todas as suas coisas.”

“E este foi o único lugar que eu pude encontrar no intervalo de 25 minutos,” Baby respondeu tão irritado quanto seu amigo.

Rex puxou os restos da caixa de papelão e encontrou sua bolsa de lona militar verde, com menos da metade das coisas dentro. Sem hesitar, ele desamarrou a bolsa e revirou tudo dentro dela em busca de algo. Quando ele o encontrou, puxou para fora. Um semblante de calma inundou o rosto de Rex enquanto olhava para a foto dele e de sua mãe sorrindo na capa. Ainda era um mistério para Baby por que Rex olhava para aquela foto com tanto carinho, sendo que foi a mãe dele que arrumava os clientes quando o pai dele o explorava.

“Você se lembrou disso,” Rex disse com um alívio evidente.

“Você não me deixaria esquecer,” Baby disse, lembrando-se de quantas vezes Rex havia frisado isso enquanto planejavam.

Confidente, Rex atirou a bolsa para Baby e dirigiu-se de volta para a cerca.

“Então, para onde estamos indo agora?” Baby perguntou, jogando sua bolsa sobre os ombros macios.

“Lembra da primeira vez que você veio comigo pegar um carro e meu pai passou na minha casa?”

Baby não precisou ser lembrado disso. Aquela foi a noite em que ele perdeu a virgindade para um homem que pagou $1000 pelo privilégio. Ele tinha intencionalmente decidido perder a virgindade porque Rex se recusou a tocá-lo enquanto ainda era inocente. Nu depois disso, com seu pau ainda duro, ele bateu na porta de Rex apenas para encontrar o pai de Rex. Rex, não querendo revelar a atração mútua, disse ao pai que era o cafetão de Baby. O pai de Rex então tornou-se dono de Baby e mandou uma fila de clientes que queriam provar seu corpo macio e sem pelos de 20 anos e o grosso pau de 10 polegadas.

Por mais desafiador que o trabalho fosse, Baby ganhou muito dinheiro com isso. E como um privilégio adicional, um de seus últimos clientes antes de ir para Mexicali foi Zach Pitt, um astro de cinema internacional casado que ligou para ele apenas algumas horas antes para convidá-lo para almoçar e ir a uma festa de um amigo.

Foi em Zach que Baby pensou quando Rex anunciou que juntos eles fugiriam para a casa de praia dele em La Paz, México, para nunca mais voltar. Baby havia apenas começado a viver a vida abertamente gay que sua pequena cidade natal em Nebraska não permitia. Ele não estava certo de que a aparente distância emocional de Rex e seu comportamento sexual ambíguo valessem a pena desistir da sua nova vida.

Baby voltou sua atenção para Rex.

“Entre as vezes que pegamos o carro e meu pai pegá-lo de mim, eu levei para esse cara que está procurando comprar o que estávamos entregando. Ele me disse que se eu tivesse mais disso, ele poderia desmontar o carro e tirar das minhas mãos.” Rex olhou de volta para Baby. “Adivinha só? Agora temos mais.”

Ambos deslizaram sob a cerca e voltaram para o carro.

“Onde ele está?” Baby perguntou, imaginando o quão longe de Zach eles iriam.

“Azusa.”

“Onde fica isso?”

“A cerca de quarenta minutos de L.A.,” Rex disse, subindo no assento do motorista.

“E quanto ao Jose?” Baby perguntou, tentando encaixar o plano de Rex em sua mente.

“Jose foi preso na fronteira. Então, ou ele está suando em alguma prisão em algum lugar, ou está tão atrás de nós que nunca será capaz de nos encontrar novamente.”

“E seu pai?”

Rex ficou em silêncio enquanto ligava o carro e voltava para a rodovia 10. Rex sabia que seu pai poderia ser um problema. Não levaria muito tempo para seu pai perceber que eles haviam roubado o carro que deveria ter sido entregue a ele. O que teria deixado mais óbvio é que Rex havia passado a noite anterior despistando o rastro de seu pai.

Rex estava convencido de que o primeiro lugar para onde seu pai iria seria o antigo apartamento deles, mas nada ali indicava que eles haviam partido, muito menos para onde estavam indo. No entanto, Rex sabia que se o pai deles os encontrasse, tanto ele quanto Baby Boy estariam mortos.

“Meu pai não sabe onde estamos. Poderíamos estar em qualquer lugar do mundo agora. E contanto que você não tenha deixado nada que possa indicar a ele como entrar em contato com você, deveríamos estar seguros.”

Baby voltou sua atenção para a cadeia de montanhas que se destacava no cenário do terreno irregular diante dela. Ele pensou em seu quarto. Havia pequenas coisas que ele havia deixado para trás, como a montanha de lençóis limpos que tanto amava e a máquina de café que Rex havia comprado para ele. Mas tudo o que ele havia levado para o apartamento, além de suas novas roupas, cabia na bolsa de viagem que agora estava no estofamento verde e preto no banco traseiro. A única outra coisa valiosa que ele tinha era o maço de notas de cem dólares que tinha colado na parte interna de sua coxa. Era o dinheiro que ele havia economizado das horas que passou sendo explorado por homens.

A única coisa que fez Baby Boy hesitar foi o fato de que quando se registrou para o apartamento, deu o endereço e o contato dos seus pais. Se o pai de Rex realmente quisesse, poderia obter o endereço de sua casa através da administração do prédio. Baby não queria pensar sobre isso, no entanto.

“Você não deixou nada que ele possa encontrar, certo?” Rex exigiu.

“Não, só os lençóis e essas coisas.”

“Bom”, Rex disse sentindo-se cada vez mais confortável com o sucesso de seu plano.

Duas horas depois, Rex entrou num estacionamento de motel que era muito parecido com o complexo de apartamentos de dois andares, repleto de passarelas, que eles haviam deixado. A maior diferença entre os dois seria que este motel tinha uma visão próxima das Montanhas San Gabriel. A cidade natal de Baby, assim como todo o Nebraska, era plana. Portanto, estar aos pés de montanhas cujos picos pareciam tocar as nuvens era de tirar o fôlego para Baby. Caminhando com Rex para o saguão, Baby admirava a paisagem.

“Oi, gostaríamos de um quarto, por favor,” Rex anunciou para o homem indiano mais velho atrás do balcão.

“Duas camas de casal?” O homem magro e conservador de bigode perguntou.

“Sim,” Rex respondeu, para a contínua decepção de Baby.

Quando Baby viu Rex passar pela sua janela pela primeira vez, ele era o homem mais interessante que ele já havia visto. Seu corpo de surfista e suas características refinadas faziam dele parecer um modelo de revista. Então, quando Baby ouviu pela primeira vez o que parecia ser Rex e outro homem fazendo sexo no apartamento ao lado, Baby estava apaixonado, ou pelo menos desejoso. Foi pela atenção de Rex que Baby fez tudo o que fez.

Mas mesmo agora, com os dois fugindo de assassinos, Baby ainda não conseguiu perceber se era algo mais para Rex do que um cúmplice. Mesmo Zach Pitt, o ator do cinema casado, estava disposto a mostrar abertamente seu interesse em Baby. Rex nem sequer conseguia pedir uma cama de casal.

Baby Boy considerou este último ato o ponto de ruptura. Por causa da escolha de duas camas de casal, ele não conseguia se ver sacrificando todas as experiências que sua vida jovem estava atraindo em troca de uma vida com alguém tão frio.

No quarto, os rapazes descansaram em suas camas separadas assistindo a um filme de algum canal a cabo. Nada foi dito entre os dois, e quando Rex esfregou seu bronzeado e musculoso abdômen de 24 anos, Baby nem notou.

“You wanna grab some dinner?” Rex asked realizing that he hadn’t eaten all day.

Baby looked at the clock. “It’s only five but I’m friggin’ starving,” Baby admitted.

“Me too. Maybe we should get some drinks first and then eat at six.”

“Yeah, Ok,” Baby said rolling out of bed.

Within a few minutes the guys found themselves at the bar of a Mexican restaurant. It didn’t take long before the alcohol kicked in and Rex felt the need to talk.

“Did I ever tell you about my beach house in La Paz?”

Baby shook his head “yes”, not quite drunk enough to shake off feeling trapped.

“You’re gonna love it. It’s right on the beach, ya know. And it’s really open. I have these, like, two feet by two feet marble slabs that are in front of the door to the beach. And the last one is half buried so it sort of, like, descends into the sand. I love it so much. It makes it seem like my backyard is the beach,” he said with a large smile.

“When was the last time you were there?” Baby asked feeling his tongue loosening up.

“May. That’s when the surfing’s best.”

“You go surfing there?” Baby asked having always been fascinated by surfer culture. He had promised himself to learn once he got out to California, but his lack of money kept him from trying it. And once he had the money, he never had the time.

“Oh yeah. Surfing’s my life. Once we finish this job we’ll have enough money to surf for the rest of our lives, man. Ya know.”

Rex, feeling the full effects of the alcohol, smiled as he looked into Baby’s eyes. Baby wasn’t at the same point yet.

“Rex, what’s in the car?”

“Does it matter? It’ll probably be gone tomorrow anyway,” he said sliding his hand on Baby’s leg.

“I just wanna know,” Baby continued barely noticing Rex’s advances.

“It’s coke,” Rex replied sliding his hand between Baby’s thighs.

“How much is it worth?”

“A lot,” Rex said leaning over to better position his hand to grab his crotch.

“How much will I get?”

“carne suave” soa estranho e descontextualizado em português, pois “carne” em um romance pode ser interpretado de forma mais sensual ou íntima, então podemos mudar para “pele suave”. “Soft meat” em inglês é uma expressão que não se traduz bem para o contexto em português.

A expressão “soft meat” não faz sentido nesse contexto em português, sofrendo problemas na escolha de palavras. Além disso, ao longo do texto, é possível encontrar falhas na consistência do tratamento por informalidade e formalidade, e algumas escolhas de palavras não se encaixam perfeitamente no contexto de um romance. O termo “pau” é bastante vulgar e fora do tom esperado para a narração, especialmente considerando que o texto é parte de um romance. Talvez seja melhor usar “membro” ou uma alusão menos explícita. Além disso, “saiu” pode ser interpretado no passado perfeito, gerando ambiguidade em relação ao tempo verbal pretendido. Recomenda-se esclarecer como “acabara de sair”. Ainda encontramos um uso inadequado do termo “mictório”, que, embora correto, pode ser substituído por “urinol” para um fluxo mais natural em português do Brasil. Por fim, a falta de conectivos em algumas frases prejudica a fluidez da narrativa.

Segue abaixo a versão corrigida com adaptações para manter as nuances e o fluxo natural do texto em um romance:

“Não sei. O quanto você quer?” Rex disse, sentindo a pele suave de Baby em sua mão.

“Eu quero metade.”

“Metade?” Rex perguntou, divertido.

“Sim. Eu fiz pelo menos metade do trabalho. Fui eu que peguei isso do José e cruzei a fronteira. Isso vale metade.”

Rex olhou novamente para seu belo e jovem amigo. Reconhecendo a seriedade dele, inclinou-se para trás em seu banco de bar e escaneou o cômodo em busca de uma mesa livre. “Preciso pedir algo para comer. Estou começando a me sentir meio bêbado.”

Rex se inclinou sobre o balcão para sinalizar ao barman a mudança, e com sua bebida em mão, deslizou para um dos estandes no canto.

“Sabe o que quer pedir?” Uma garçonete mexicana bonitinha e com formas ligeiramente arredondadas perguntou a eles.

“O que acompanha as suas enchiladas de carne?” Rex perguntou, observando a garota de 19 anos à sua frente.

“Arroz e feijão preto ou branco.”

“Feijão preto para mim.”

“E para você?” perguntou a garçonete, virando-se para Baby.

“Pede tacos de peixe. Você gosta de tacos de peixe? Podemos dividir,” Rex sugeriu, contendo a vontade de divagar.

“Sim, e feijão branco, por favor.”

A garçonete se afastou, deixando-os a sós novamente.

“Então, quanto vou receber?” Baby perguntou de novo, questionando-se sobre quanto dinheiro o faria abandonar a vida dos sonhos que a chamada de Zach prometia.

“Por que você quer falar sobre isso agora? Acabamos de escapar de um assassino implacável. Temos que celebrar. Você tem noção do quão incrível isso é?”

“Só quero saber se vou ganhar alguma coisa com isso.”

“Como assim ‘se você vai ganhar alguma coisa com isso’?” Rex questionou, irritado. “Você está levando, tipo, metade de tudo o que tenho. Eu te disse que você nunca precisaria se preocupar com dinheiro estando comigo. Vou cuidar de você. Está entendendo o que eu estou dizendo? Então vamos celebrar.”

Rex deslizou a mão entre as pernas de Baby e apertou seu membro. Ele olhou nos olhos de Baby, esperando sentir a rigidez que ansiava desenvolver sob suas mãos. Não sentiu. Quando a garçonete voltou à mesa com a comida, Rex desistiu.

“Podemos pedir mais duas margaritas?” Rex pediu à garçonete enquanto ela se afastava. “Vamos só comer.”

Depois de um silêncio desconfortável que se abateu sobre a refeição, Rex não aguentou mais. “Qual o problema?” ele exigiu, tentando moderar o tom de voz para não chamar atenção. “Por que está agindo como uma prima-dona? Uns dias atrás você estava todo animado. Não tirava os olhos de mim, como se eu fosse a melhor coisa do mundo. Agora nem consigo fazer você conversar comigo. Que diabos está acontecendo, cara? Conseguimos. Escapamos. Não precisamos mais nos submeter a ninguém. Estamos livres. Você entende isso?”

Baby ficou sem palavras, perdido em seus pensamentos e emoções. Ele não parecia compartilhar do desejo de Rex de fugir de tudo. Tudo o que ele queria, e sempre quis, era sentir algo que se parecesse com amor pela pessoa que ele realmente era. Baby pensou que Rex pudesse lhe oferecer isso, mas agora parecia que sua melhor chance estava com Zach. Baby não sabia como expressar isso para Rex e, em vez disso, ficou em silêncio.

“Jesus, cara! Que diabos está acontecendo?”

“Preciso ir ao banheiro”, Baby declarou antes de deslizar para fora do estande.

Rex olhou furioso para Baby. Quando Baby viu isso, desviou o olhar.

Baby cambaleou até o banheiro. Ele realmente precisava urinar, mas a ação foi mais uma desculpa para escapar da conversa.

Ele se ajeitou e mirou no urinol. Parecia que havia uma fonte inesgotável fluindo. Exausto, Baby permaneceu junto à pia mais tempo do que o necessário. E, finalmente, quando não encontrou mais nenhum motivo para ficar, acabara de sair.

Assim que saiu do banheiro, Baby teve uma visão clara de sua mesa. Rex não estava mais lá. Avançando, ele olhou pelo salão e encontrou seu companheiro no bar, inclinado sobre a garçonete que ria com os olhares dele. Baby observou enquanto Rex tocava levemente o braço da garota durante a conversa. Ele estava flertando com ela. Baby não conseguia entender o porquê.