SÉRIO PROBLEMA

Capítulo 1

Quin

 

Não consigo acreditar que Lou me convenceu a fazer isso. Em um momento ele está falando que meu pau vai cair se eu não o usar e no momento seguinte eu estou gritando com ele sobre como isso não é o que se espera da faculdade. Ele então me diz que é exatamente isso que se espera da faculdade. E o pior é que ele estava certo, pelo menos para mim.

Levei muito tempo para decidir ir para a faculdade. Não é que eu não acreditasse no ensino superior. Eu sou totalmente a favor. É que eu não fui para uma escola secundária tradicional. Na nossa escola, explorávamos nossos interesses, devorávamos como se fosse um pacote de Oreo e depois conduzíamos uma aula onde ensinávamos isso para aqueles que não eram tão apaixonados pelo tópico.

Sempre que eu explico isso para os outros, eles não conseguem entender. Mas na minha escola funcionava. A minha era uma escola especial para crianças que aprendiam muito rápido e eu fui seu primeiro formando. Quando completei 18 anos, eu tinha o equivalente a vários graus avançados em diferentes matérias, então, o que ir para a faculdade iria me trazer?

Depois de me formar no ensino médio, eu permaneci dando aulas e agi como vice-diretor. E no ano seguinte, eu viajei. Passei algumas semanas na África e na Ásia e depois terminei a viagem mochilando pela Europa.

A viagem ajudou a colocar as coisas em perspectiva. Sim, eu tinha muitas informações teóricas sobre vários temas. Mas, no auge da matrícula, minha escola secundária tinha apenas 50 estudantes. Além disso, eles eram todos como eu. Todos nós aprendíamos informações rapidamente e todos viemos do mesmo background de coberturas de Nova York.

Eu era esperto o suficiente para descobrir que havia mais na vida do que isso. Sim, os três meses que passei viajando o mundo me deram alguma perspectiva. Mas a perspectiva era de que eu não sabia nada sobre as coisas que realmente importavam e de que eu não era bom em coisas humanas.

Nunca estive apaixonado. Nunca fiz sexo. Nunca tive um melhor amigo. E eu não sabia como conversar com as pessoas para conseguir alguma dessas coisas.

Então, em vez de achar que poderia reinventar a roda, fiz o que todos os outros da minha idade fizeram, encontrei uma escola o mais diferente possível do meu colégio e me matriculei. Não há lugar mais diferente de Nova York do que o Tennessee. E para contrastar com os prédios de 50 andares e a selva de concreto, escolhi a Universidade do Leste do Tennessee, onde a caminhada pelo campus era quase uma trilha na natureza.

Então preenchi meu questionário de compatibilidade de colega de quarto e consegui Lou, o cara mais gay que já conheci na minha vida. Esse cara é louco por garotos. Eu cresci com dois pais e uma mãe e nem eu sabia quantos caras haviam que eram atraídos por outros caras. Lou podia scanear uma sala cheia de meninos com suas namoradas e conseguir um encontro em 20 minutos.

Eu estava longe disso. Eu estava aberto para namorar rapazes ou garotas, mas ainda não tinha conseguido o número de ninguém no mês que estive aqui. Lou argumentou que era porque eu nunca saía do nosso quarto. Eu disse a ele que ele só estava tentando me mandar embora para poder trazer caras para o nosso lugar. Ele disse, “Claro”, e então jogou na minha cara o motivo pelo qual eu estava aqui.

“Você não pode conhecer pessoas novas se mantendo trancado neste quarto. E, por mais que eu te ame, Quin, você não vai conseguir o que quer de mim. Não me interprete mal, você é um gato e qualquer cara… ou garota, eu acho, ficaria feliz em não resistir ao que você tem a oferecer.

“Mas eu prefiro ter pelo menos uma pessoa com quem eu possa falar sem as coisas ficarem estranhas porque nos pegamos. E você é meu colega de quarto, então parabéns, você é essa pessoa. O que significa que o único lugar onde você passa cada minuto acordado da sua vida é o único lugar onde você não deveria estar.”

“Eu vou para a aula,” eu rebati.

“Ah! Tanto faz. Olha, você quer provar que não veio aqui apenas para observar o comum até que seu pai lhe dê um emprego em Wall Street e o iate da família? Então, quero que você saia por aquelas portas e se divirta, jovem,” ele disse apontando.

“Ouch, Lou!”

“Se não é verdade, então faça. Mingle com as pessoas.”

“Pare com isso!”

“Prove que estou errado! Não fique apenas falando que quer ter uma vida. Consiga uma vida.”

“Eu vou!” Eu disse furioso.

“Bom!”

“Bom!”

“E eu quero prova. Quando eu voltar aqui esta noite, quero ver um cara — ou uma garota — nu naquela cama e quero ver alguma vergonha, senhor. Muita.”

“Haverá! Haverá muita vergonha, para você. Por causa do quão errado você estava… e coisas do tipo.”

“Bom.”

“Bom.”

“Estou falando sério, Quin.”

“Eu também.”

Então agora, aqui estou eu marchando pelo campus até a única festa que minha pesquisa de última hora encontrou. O time de futebol da Universidade do Leste do Tennessee ganhou contra a Universidade do Oeste do Tennessee, seus rivais interestaduais, mais cedo no dia e a fraternidade de futebol estava dando uma festa. Nada disso soava divertido, mas eu estou indo… porque Lou me enganou para isso. Tanto para eu ser o inteligente.

Tudo bem. Eu vou. Conseguirei uma prova de que estive lá. Depois irei para um café e lerei um livro no meu telefone.

Sei que ele mencionou aquela coisa sobre encontrar alguém nu na minha cama, mas não tem como isso acontecer. Eu não poderia perder minha virgindade nem se estivesse em uma piscina cheia de paus. Acredite em mim, eu já tentei. Não sei o que tem em mim que ninguém quer estar junto, mas ninguém quer.

Além disso, costumo gostar de caras mais velhos, e não vou encontrar isso no campus universitário. A menos que eu considere professores, mas não vou por esse caminho. Não mesmo. Parece que vou apenas passar o resto da minha vida como um solitário e triste virgem.

Fiz com que eu mesmo me desanimasse? Acho que sim. Agora realmente, não estou no clima para festa.

Ao virar a esquina, pude ouvir a música antes que a casa da fraternidade surgisse à vista. Era intimidador. Eu tinha que tirar proveito da minha raiva pelo que Lou havia dito para me manter em movimento.

Cara a cara com o meu iminente desastre, quase congelei. Simplesmente não sou bom nesse tipo de coisa. Não há a menor possibilidade de eu conseguir me enturmar ou socializar, ou o que quer que seja que as pessoas da minha idade fazem.

Novo plano. Eu não entraria. Iria, no entanto, obter prova de que estive ali. Iria até uma das meia dúzia de pessoas paradas do lado de fora, pediria para tirar uma selfie com eles e então sairia dali o mais rápido possível.

Olhando ao redor, vi pessoas fumando, pessoas conversando em roda com copos vermelhos e um cara parado sozinho. Essa situação facilitou a escolha. Eu só tinha que ir até ele, pedir para tirar uma selfie, tirá-la, agradecer e ir embora. Eu conseguia fazer isso. Não era um completo estranho à interação humana. Podia falar com uma pessoa.

Apertando os lábios, endureci minha resolução e fui até ele. Não iria pensar muito. Só faria o que tinha que fazer e pronto.

“Com licença, posso tirar uma selfie com você?” perguntei ao cara de costas para mim.

“Você quer uma selfie comigo? Por quê?” disse o cara com um tom de desafio na voz enquanto se voltava para mim.

Uau!

Sabe aquele sentimento que você tem quando vê algo que tira o seu fôlego? Um calorzinho começa na ponta dos seus dedos e dispara pelo seu braço até se instalar no seu rosto e te trazer uma tontura de calor? Foi isso que aconteceu quando nossos olhos se encontraram. O cara era belíssimo.

Sua pele amorenada contrastava com seus cabelos negros como a noite e olhos azuis como uma piscina. Sua mandíbula parecia talhada em mármore. Havia covinhas, muitas covinhas, em suas bochechas, abaixo do seu lábio inferior, na ponta do seu queixo. Elas estavam por toda parte.

Mais do que isso, ele era grandão. Tinha alguns centímetros a mais que eu e era duas vezes mais largo. Isso não diz muito, levando em consideração o quanto sou magro. Mas seus músculos ondulantes pareciam ter músculos. Deus, ele era lindo.

Eu não conseguia falar e ele claramente estava esperando que eu falasse. Ele tinha feito uma pergunta. Qual era mesmo? Ah, sim! Era por que eu queria uma selfie com ele, e ele parecia incomodado com isso.

Eu o fiz ficar bravo? Era estranho pedir para tirar uma selfie com um completo estranho? Provavelmente era. Droga! No que diabos eu estava pensando?

“Desculpe”, gaguejei antes de forçar minhas pernas a se moverem na direção oposta.

Dei dois passos antes dele falar novamente.

“Espere! Não vá.”

Eu parei.

“Desculpe. Não quis ser grosseiro. Se você quer tirar uma selfie, eu tiro com você.”

“Não, tudo bem”, disse eu, querendo olhar para ele novamente mas com receio de que se o fizesse não iria conseguir respirar.

“Não, sério. Tudo bem. Pode tirar uma. Não sei por que alguém iria querer uma. Mas, tudo bem. Ficarei feliz em tirar uma com você.”

Foi então que olhei para ele novamente. Percebi o que ele estava dizendo. Ele falava como um cara que estava acostumado a pessoas pedindo para tirar fotos com ele. Eu sabia um pouco sobre isso. Isso era em parte por que escolhi uma universidade no meio do nada. Eu queria estar onde eu não seria reconhecido como Quin Toro, o garoto esquisitão.

Mas essa era a minha situação. Por que as pessoas pedem selfies para ele? Ele era o cara com a aparência mais incrível que já vi. Será que estranhos aleatórios se aproximam dele deslumbrados por sua beleza? Não me surpreenderia se assim fosse.

“Ei, ahn, eu não pedi uma selfie porque eu sei quem você é. Eu não te reconheço. Eu não sei quem você é”, expliquei.

O cara fez com a cabeça um movimento rápido para trás, surpreso. Enquanto eu observava, sua pele clara ficou cor-de-rosa.

“Ah! Okay. Então…” Ele balançou a cabeça como se tentasse sacudir algo ali. “Desculpe, mas por que você quer uma selfie comigo?”

“Não era você. Era alguém”, eu disse a ele.

“Você queria tirar uma selfie com qualquer pessoa? Por quê?”

Eu suspirei quando minha situação voltou à minha mente.

“É meu colega de quarto. Ele disse que eu precisava sair e me divertir. Disse que precisava de uma prova…”

“E a selfie seria a prova?”

“É.

“Então, depois que você tirou a selfie… o que mais? Você irá embora?”

“É.”

O lindo rapaz me olhou como se eu fosse o estranho que sou. Um sorriso se espalhou pelo seu rosto. Isso teria me feito me sentir mal, se não deixasse eu querer derreter em uma poça na grama.

“Isso vai soar loucura, mas você já está aqui. Por que não entra e realmente se diverte?”

“Eu não sou bom nesse tipo de coisa. Sabe, essa coisa social.”

“Por sorte, isso é algo em que sou muito bom. Que tal fazermos um acordo? Eu te dou a sua selfie como prova para o seu colega de quarto, mas você tem que entrar e tentar se divertir de verdade. Vou apresentar você a algumas pessoas. Assim, quando seu colega de quarto perguntar sobre a noite, você não terá que mentir,” ele disse com o rosto explodindo em covinhas.

Eu olhei para ele. “Por que você faria isso?”

Ele me olhou, confuso, torcendo a cabeça.

“Talvez eu esteja apenas sendo simpático. Talvez eu pense que você seja um cara legal e que seria legal sair juntos. Talvez eu esteja flertando.”

Um arrepio me percorreu ao ouvir a palavra “flertando”. O que estava acontecendo? Esse cara gostava de mim? Estava acontecendo algo entre nós? Ia ter um homem nu na minha cama cheio de vergonha quando o Lou chegasse em casa depois de tudo?

Espere, eu estava ficando excitado? Acho que sim. Não, eu definitivamente estava.

“Ah, okay,” eu disse, certo de que estava ficando vermelho feito um pimentão.

“Cage, a propósito?”

“O quê?”

“Meu nome.” Ele me encarou. “E o seu nome é?”

“Ah. Quin.”

“Legal. Eu gosto desse nome.”

“Obrigado. Meus pais deram ele para mim,” eu disse, perdendo o controle sobre minha língua.

Cage riu.

“Quer dizer, obviamente meus pais me deram ele.”

“Não é óbvio. Meus pais não me deram o nome de Cage.”

“Quem deu? Um tio ou alguém assim?”

“Não, eu mesmo.”

“Então, qual é o seu nome de batismo?”

Cage me olhou, com pensamentos correndo em sua cabeça. “Que tal eu te levar para dentro e te mostrar por aí?”

“Então, acho que vamos deixar essa questão de lado?”

Cage riu desconfortavelmente.

Enquanto ele me guiava escada acima, para o pórtico e depois para a república, era difícil tirar meus olhos dele. Quando o fiz, fui surpreendido pelo que vi. Eu não sabia o que esperava, mas certamente não era isso. A grande sala de estar estava ligeiramente mobiliada, mas cheia de pessoas. Todos tinham copos vermelhos em mãos e conversavam entre si como se fossem amigos.

“A festa ainda está bem no começo,” Cage explicou.

“Como assim?” Eu disse, elevando minha voz acima da música country-pop.

“Vão vir mais pessoas mais tarde.”

“Mais do que isso?” Eu perguntei, olhando ao redor do que parecia uma horda.

Cage riu. “Sim.”

“Caramba. OK.”

“Cage!” Um cara robusto disse, abraçando Cage e derramando uma parte de sua bebida na camisa de Cage. “Ops, eu te molhei?”

“Tudo bem,” Cage disse casualmente. “Dan, esse é o Quin.”

Dan se virou para mim e olhou. “Quin!” Ele disse por fim, dissipando o constrangimento. “Ele está tentando te recrutar?”

“O quê?” Eu perguntei, confuso.

“Ele está tentando te colocar no time de futebol?”

Eu olhei para ele, sem entender o que estava acontecendo. Ele estava falando sério? Eu não parecia exatamente o tipo de cara que corre em direção a homens de 90 kg.

“Time de futebol?”

Dan se virou para Cage, confuso.

“Nós jogamos no time de futebol,” Cage explicou.

“Sério?”

Dan abraçou Cage novamente. “Cage não apenas joga no time de futebol. Ele é o time.”

Olhei para Cage em busca de uma explicação.

Ele sorriu, humilde. “Sou o quarterback.”

“Esse cara não é só o quarterback,” Dan disse, zombando. “Ele é quem vai nos levar ao campeonato nacional e depois vai se profissionalizar.”

“Ahhhh! Agora entendi. A selfie. Você pensou que eu estava pedindo uma selfie porque você é um jogador de futebol famoso.”

“Eu não sou um jogador de futebol famoso,” ele disse rapidamente.

“Claro que é famoso. Não há ninguém que não saiba quem ele é,” Dan disse, orgulhoso.

Eu olhei para Cage esperando sua reação. Cage me olhou de volta e riu desconfortavelmente.

“Nem todo mundo sabe quem eu sou.”

“Diga uma pessoa que não sabia,” Dan desafiou.

Ele me deu um sorriso cúmplice. “Quin, você quer beber algo? Acho que você precisa beber. Me acompanhe.”

“Foi bom te conhecer, Quin,” Dan disse antes de sair andando.

“Então, você é um quarterback?”

“Não ouviu? Eu não sou só um quarterback, eu sou o time,” Cage disse, autocritico.

Eu ri. “Eu ouvi. Você vai se profissionalizar? Tenho um par de tios que jogaram na NFL.”

Cage olhou de volta para mim, surpreso. “De verdade?”

“Sim. Quer dizer, eles são amigos da família. Então, sabe, “tios”,” eu esclareci.

“Eles gostaram?”

“De jogar para a NFL?”

“É.”

“Eu acho que sim. Você está animado para ser recrutado?”

“Certo,” Cage disse sem muito entusiasmo, antes de se virar para encher dois copos vermelhos com cerveja.

“Você não parece animado.”

“Não. É fantástico. Mal posso esperar. É, ah, tudo que venho trabalhando para conseguir,” ele disse, entregando-me um copo e levantando o dele para um brinde com o meu. “Para novos amigos.”

Toquei minha caneca na dele e tomei um gole. “Essa cerveja é horrível,” eu disse olhando para o meu copo.

Cage riu. “Não, me diga o que realmente pensa.”

“Quero dizer que ela não é muito boa,” eu expliquei.

Cage riu ainda mais. “Você realmente não tem filtro, né?”

Eu fiquei parado. Não era a primeira vez que eu ouvia isso. A última foi com o último cara por quem me apaixonei.

“Acho que não. Isso é ruim?”

“Na verdade, é até refrescante.”

“Oh. Ok,” eu disse, me apaixonando por ele ainda mais.

“Você tem um sorriso bonito.”

“Eu nem percebi que estava sorrindo,” eu lhe disse.

“Você estava,” ele disse olhando para mim com um sorriso próprio.

“Você também. É muito bonito,” eu disse sentindo meu coração bater forte, sem saber o que fazer a respeito.

Cage parou de rir e olhou nos meus olhos. Deus, como eu queria beijá-lo.

“Suponho que se eu perguntar se você está se divertindo, você me dirá a verdade.”

“Estou me divertindo,” eu disse me aproximando caso ele quisesse me beijar.

Cage observou-me com um olhar travesso nos olhos. Eu poderia jurar que ele estava se aproximando para beijar-me quando ele disse, “Por que eu não te apresento para mais algumas pessoas.”

” Mais pessoas? Já conheci duas. Quantas mais uma pessoa pode conhecer em uma noite?”

“Ha-ha. Um pouquinho mais que isso,” ele disse, passando o braço pelos meus ombros e me conduzindo para longe.

Sentir seu toque fazia todas as partes de mim tremerem. Eu me sentia tão pequeno em seus braços. Ele era tão grande e forte. Eu não podia acreditar que tinha conhecido alguém como ele. Não conseguia acreditar que ele estava agindo como se estivesse interessado em mim. Será que um cara assim poderia ser gay? As possibilidades faziam meu peito apertar.

Cage me conduziu pela festa, me apresentando a uma pessoa atrás da outra. Ele falava sério quando disse que era bom em situações sociais. Todos que ele me apresentava ficavam pendurados em suas palavras. E quando era minha vez de falar, eles também prezavam minhas palavras.

Eu não conseguia descobrir se todos estavam sendo simpáticos, ou se estar com Cage tinha me transformado em uma versão mais interessante de mim mesmo. Independentemente do que fosse, eu amava aquela sensação. Esses tipos de interações sempre foram difíceis para mim, mas ao lado de Cage, eu era uma pessoa diferente.

O que era ainda melhor do que isso era como ele aproveitava todas as oportunidades para me tocar. Ele tocava meu ombro quando me apresentava. Seu dedo indicador descansava levemente no meu peito quando enfatizava algo. E nós ficávamos ombro a ombro, como se já fossemos um casal, e ele esbarrava seu ombro no meu quando ria.

Eu estava uma bagunça quando ele terminava comigo e não conseguia parar de pensar na outra coisa que Lou tinha sugerido. Como seria Cage nu na minha cama?

Com um dos amigos dele acenando os braços contando uma história, eu não conseguia tirar meus olhos de Cage. Com toda a sua atenção no amigo, Cage discretamente retirou seu celular do bolso e deu uma olhada. Guardando-o rapidamente, ele esperou os movimentos do amigo cessarem e então olhou entre o amigo dele e eu.

“Pessoal, eu preciso sair”, disse ele envolvendo sua grande mão no meu bíceps.

“Eu também”, eu respondi rapidamente.

“Sim? Para onde você vai?”, ele perguntou com entusiasmo.

“De volta para o meu quarto.”

“E onde é isso?”

“Plaza Hall?”

“Serio? Eu vou com você”, disse ele apertando meu braço.

Meu coração parou. Ele estava indo comigo? Será que era isso? Eu não podia acreditar que finalmente estava acontecendo. Orei para que ninguém olhasse para baixo porque não tinha como esconder minha excitação.

Engoli em seco e fiz esforço para falar.

“Tudo bem.”

Depois de algumas despedidas, nós saímos para a noite. Eu estava ansioso por causa do terror e do desejo. Enquanto o silêncio entre nós se prolongava, eu me perguntava por que ele não falava nada. Não era ele quem supostamente era bom nisso? Eu estava prestes a murmurar algo quando ele finalmente falou.

“Está uma noite clara.”

“O quê?”

“Dá para ver todas as estrelas”, disse ele se virando para mim. “Está com frio?”

“O quê?”

“Você está tremendo.”

Eu estava tremendo. “Acho que estou nervoso”, admiti.

“Por que você está nervoso?”

Meu rosto ficou quente. “Não sei”.

Cage me olhou. “Você é um cara bonito. Sabia disso?”

“Você também é”, eu disse ainda mais nervoso.

“Obrigado. Está feliz por ter vindo hoje à noite?”

“Sim, com certeza”, respondi, enquanto meu olhar caía no chão.

“Nós chegamos”, ele disse quando nos aproximamos da porta do meu prédio.

“Nós chegamos”, eu repeti, com o coração acelerado. “Você quer entrar?”

“Entrar?” Cage perguntou, surpreso.

“Sim”, respondi timidamente.

“Hmmm”, ele murmurou antes da porta abrir e uma menina sair.

“Cage!” Ela disse antes de envolver os braços ao redor dele e erguer-se na ponta dos pés para beijar seus lábios.

Minha boca se abriu chocada. O que estava acontecendo? O que tinha acabado de acontecer?

A loira petite, com características angulosas, voltou-se para mim. “Quem é este?”

“Ah, este é o Quin. Quin, esta é a Tasha.”

Tasha me olhou com suspeita enquanto Cage parecia desconfortável.

“Tasha é minha namorada.”

“Como você conhece Cage?” Tasha me perguntou.

Eu estava muito chocado para falar.

“Quin me pediu uma selfie.”

Tasha se virou para Cage surpresa. “Oh. Você deu uma para ele?”

“Ainda não,” Cage disse com um sorriso.

“Eu posso tirar,” Tasha se ofereceu. “Me dê seu celular,” ela disse se aproximando com a mão estendida.

Ainda sem palavras, entreguei a ela o meu celular e me posicionei ao lado de Cage.

“Diga xis”, ela disse.

“Xis”, Cage respondeu enquanto eu olhava estarrecido.

“Aqui está”, disse ela me devolvendo meu celular. “Confira.”

Eu olhei para baixo e vi minha humilhação completa retratada. “Sim.”

“Okay. Vamos embora. Estou com fome”, Tasha disse, entrelaçando seu corpo com Cage e o puxando para longe.

“Foi bom te conhecer, Quin,” ele disse olhando para mim enquanto se afastava.

“Sim. Foi bom conhecer… você”, eu murmurei, seguro de que ele não podia mais me ouvir.

Assisti enquanto o casal perfeito se afastava. Claro, ele tinha uma namorada. E, claro, ela parecia aquilo. Doeu no coração vê-los partir.

Eu não posso acreditar que pensei que ele estava interessado em mim. Ninguém nunca está interessado em mim. Como pude ser tão tolo? Como poderia pensar que um cara como ele poderia estar interessado em um cara como eu?

Uma vez que os dois desapareceram na escuridão, eu entrei no prédio. Subindo as escadas num estado de choque, queria chorar. Por que ninguém nunca retribui meu interesse?

“Não me diga que você foi até um café e leu um livro”, disse Lou, me tirando do meu transe.

“O que você está fazendo aqui?” Eu perguntei não esperando vê-lo.

“Ah! O encontro foi um fiasco. Mas não mude de assunto. Eu não vejo um homem nu no seu braço. Não vejo, infelizmente, uma mulher nua. Não vejo nenhum sinal de vergonha. “

Peguei meu celular, procurei a foto de Cage e eu, e a mostrei para Lou.

“Quem é esse?”

“Cage.”

“Por que você parece tão desolado, Cordeiro?”

“Ele tem uma namorada”, eu lhe disse antes de olhar em seus olhos e chorar.

“Ahhh”, Lou disse antes de me envolver com seus braços e me apertar forte.

“Qual o meu problema, Lou?” Eu perguntei antes que ele me guiou para a minha cama, deitou-se ao meu lado e me segurou enquanto eu chorava.

 

 

Capítulo 2

Cage

 

Uau! Eu nunca senti algo assim na minha vida. Olhando para Quin, eu mal conseguia me controlar. Eu não podia manter minhas mãos longe dele. Eu poderia ter ficado com ele na festa a noite toda. Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti vivo.

Voltar à realidade foi um golpe duro para mim. Quando recebi a mensagem de Tasha, senti que o chão tinha sido arrancado debaixo de mim. Eu queria ficar lá com o Quin. Eu queria ver até onde iria. Mas, eu havia prometido a Tasha que a levaria para jantar, independente de ganharmos ou não o jogo. Eu sempre cumpria minhas obrigações e eu havia feito uma com Tasha.

“Então, eu queria conversar com você sobre algo”, disse Tasha quebrando o silêncio enquanto caminhávamos.

“Sobre o quê?”

Tasha me olhou animada e corou. Vê-la se mostrando emocional era algo pouco comum. Uma nuvem escura costumava seguir Tasha, afetando todos ao seu redor.

Eu tinha que presumir que ela não estava feliz com sua vida. Claramente eu era uma parte de sua insatisfação. Mas sempre que eu tentava conversar com ela sobre isso, ela me acusava de tentar estragar a boa coisa que tínhamos.

Qual era essa coisa boa? Ela não estava feliz. Eu não estava feliz. E nós nunca fazíamos amor.

“Você conhece a Vi, certo?” Tasha perguntou borbulhando.

“Sua melhor amiga Vi com quem você passa todo o seu tempo. Sim, eu a conheço.”

“Você não precisava dizer assim.”

“Você me perguntou se eu conhecia a menina sobre quem você sempre fala.”

“Por que você está tentando começar uma briga? Eu estou tentando fazer algo bom para você.”

Eu me peguei tentando controlar meu temperamento. Eu estava me sentindo tenso. Eu não queria ter deixado Quin, mas fiz isso por causa de Tasha. Eu não pude nem pedir seu número quando voltamos para sua casa. Embora, provavelmente isso fosse melhor. A maneira como ele me fazia sentir só levaria a tomar decisões das quais eu me arrependeria.

Eu tinha coisas maiores a considerar. Eu havia trabalhado toda a minha vida para jogar na NFL. Estar com uma garota como Tasha ajuda a vender a imagem de mim como o rosto de uma franquia. Pelo menos, é o que meu pai diz. E tinha sido seu sonho que eu jogasse futebol profissional há mais tempo do que tinha sido o meu. Eu não podia decepcioná-lo.

“Me desculpe. Acho que ainda estou me sentindo mal pelo jogo. Está me deixando um pouco nervoso.”

Tasha sorriu. “Você está perdoado”, disse ela, envolvendo seus braços nos meus. “E, acho que tenho algo que vai fazer você se sentir melhor.”

“Ok”, eu disse forçando um sorriso. “O que é?”

“Bem, lembra de como conversamos sobre apimentar as coisas no… quarto?”

Eu olhei para Tasha desconfiado. Apimentar as coisas era algo que ela tinha levantado e quando fez, parecia que tinha algo muito específico em mente que não mencionava.

“Lembro.”

“Então, eu conversei com a Vi…”

“Ok”, eu disse confuso.

“Eu falei com a Vi e perguntei a ela se estaria interessada em se juntar a nós quando estivéssemos… juntos. E ela disse sim”, disse Tasha rindo nervosamente.

Eu parei de andar e encarei ela. Demorou um segundo para compreender o que ela estava dizendo.

“Você quer dizer, tipo um ménage à trois?”

“Sim”, ela disse ficando bem vermelha.

“Tasha, por que você faria isso?”

“O que você quer dizer?”

“Por que você convidaria outra pessoa para a nossa cama… e sem falar comigo primeiro?”

“Eu pensei que você iria gostar. Não é que todo cara quer estar com duas belas mulheres ao mesmo tempo?”

“Nem todo cara. E, se você tivesse me perguntado, eu teria lhe dito que sou do tipo um cara, uma garota… mas apenas se você tivesse me perguntado.”

“Eu achei que você iria gostar,” ela disse de coração partido.

“Bem, eu não gosto. E, não sei por que você sugeriria isso.”

“Talvez seja porque não fazemos amor há tempo.”

“E isso é culpa minha? Você é a que passa todo o seu tempo com a Vi.”

“O que você está dizendo?”

“Estou dizendo que não sou eu quem não quer fazer amor.”

“Bem, você poderia ter me enganado.”

“Então, se você está tão infeliz, talvez não devêssemos ficar juntos.”

Tasha congelou olhando para mim. “Por que você diria isso? Por que você diria isso?”

“Não é o que parece óbvio?”

“Não. Fomos feitos um para o outro. Eu seria a esposa perfeita para você. Você sabe disso. Você vai ser convocado e se tornar o quarterback titular de um grande time da NFL e eu vou cuidar da casa e começar uma instituição de caridade. Nós conversamos sobre isso, amor. Nosso futuro está resolvido.”

Ela estava certa. Nós tínhamos conversado sobre isso e foi exatamente isso que dissemos. Mas agora que eu estava na minha graduação e não podia mais adiar a inscrição no draft, eu começava a ter minhas dúvidas. Isso não era culpa dela, entretanto. E eu não deveria descontar nela.

“Você está certa. Me desculpe, Tasha. Estou apenas de mau humor hoje. Mas, por favor, não fale mais sobre ménages, okay?”

Assim que eu disse isso, vi a luz nos olhos de Tasha se apagar.

“Certo”, ela concordou antes de continuarmos nosso caminho para o restaurante em silêncio.

“Eu te disse para não fazer essa disciplina, Rucker.”

“Treinador, era algo que eu tinha interesse”, eu tentei explicar pela milésima vez. 

“Introdução à Educação Infantil? De que um quarterback titular do Dallas Cowboys ou L.A. Rams precisa com uma aula sobre educação infantil?”, perguntou meu treinador, um pouco mais que irritado.

“Olhe,” disse finalmente perdendo a calma. “Fiz todos os cursos que você me recomendou, querendo ou não. Participo de todo treino que você agendar e me esforço tanto até sentir vontade de vomitar…”

“E veja onde você está por causa disso. Uma das melhores perspectivas em uma classe de draft competitiva. Você deveria estar me agradecendo por ter te pressionado tanto.”

Peguei meu fôlego. “E estou. Mas, Treinador, eu precisava fazer pelo menos uma aula que fosse para mim.”

“Mas por que essa?”

“É o que me interessa.”

“Ainda assim, você não compareceu a uma única aula desde o início do ano?”

“Isso é porque começa 20 minutos depois do fim do treino. Pensei que poderia correr até lá quando terminasse. Mas às vezes o treino se prolonga, ou tenho que tomar um banho de gelo. Às vezes estou simplesmente exausto.”

“Bem, você deveria ter pensado nisso antes de escolher a aula, porque este professor não é tão compreensivo com os desafios dos estudantes-atletas quanto os outros. Esse acha que você deve assistir às aulas e fazer as provas para passar. E se você não passar nesta aula, não poderá jogar no trimestre da primavera. Isso significa que essa equipe não vencerá e ninguém irá te recrutar.”

“Entendi. Vou começar a ir às aulas.”

“Não só isso. Você terá um tutor. Pedirei a alguém da minha equipe para encontrar um para você. Quando é sua próxima aula?”

Olhei para o relógio na parede do escritório do treinador.

“Agora.”

“Então vá correndo para lá.”

“Treinador, fica do outro lado do campus. Quando eu chegar lá, terão sobrado apenas cinco minutos.”

“Parece que você vai ter que correr, não é?”

“Treinador, acabamos de fazer 20 minutos de sprints.”

“Não responda, apenas corra. Eu estou falando sério. Vá, vá, vá!”

Saindo do escritório, fiz o que me disseram e corri. Eu estava ainda com as minhas chuteiras, camisa de compressão e calças acolchoadas. A aula era no terceiro andar de um prédio no outro lado do campus. Não ia dar tempo de me trocar.

Eu não sabia como tinha me metido nessa bagunça. Na verdade, eu meio que sabia. Foi um ato de rebeldia. Sim, eu sabia que isso impactaria no treino, mas pensei que isso me daria uma desculpa para sair mais cedo. Estava errado. E agora meu futuro todo estava em jogo.

Entrando no prédio e na escada, estava totalmente sem fôlego. Felizmente ninguém conseguia ouvir minha respiração ofegante por causa do barulho ensurdecedor das minhas chuteiras de metal ecoando no concreto. Não haveria como entrar na sala de aula discretamente. Quando abri a porta da sala de aula, todos já estavam olhando. Havia 50 estudantes e um professor furioso olhando para mim.

“Desculpe. Por favor, continuem,” disse ofegante e bastante humilhado.

Sentado na primeira cadeira vazia, repousei a cabeça na mesa para recuperar o fôlego de forma discreta. Novamente senti vontade de vomitar, mas não ia acontecer aqui.

Recuperando-me, levantei-me dando-me conta que não tinha pegado minha mochila do armário. Não que eu tivesse o caderno desta aula ou algo assim. Eu tinha desistido de ir há muito tempo. Mas teria sido bom ter algo na minha frente para que eu não parecesse um idiota.

Pegando meu celular, fiz o melhor que pude para fingir que estava tomando notas. Não estava, porque não fazia ideia sobre o que o professor estava falando. Parecia que todo mundo entendeu, no entanto. Todos estavam muito concentrados na mulher que estava à nossa frente. Isso é, todos estavam prestando atenção exceto uma pessoa. E quando o vi, fiquei sem fôlego.

Era o Quin, e ele estava olhando para mim. Nossos olhos se cruzaram por um segundo, e então ele desviou o olhar. Tudo dentro de mim formigava. Pude sentir imediatamente minha respiração acelerar.

Só de vê-lo causava algo em mim. Eu tinha recebido uma segunda chance com ele. Não iria deixá-lo escapar da minha vida novamente.

“E, é isso. Na próxima aula teremos um teste sobre o que abordamos nas últimas duas semanas. Estejam preparados,” disse a professora antes de voltar sua atenção para mim. “Sr. Rucker, posso ver você um momento?”

Não estava esperando por isso. Pior ainda, Quin estava sentado do lado oposto da sala que tinha uma saída diferente. Ele não estava olhando para mim e iria embora antes que eu pudesse pedir para ele me esperar.

“Sr. Rucker,” a mulher asiática de cabelos grisalhos chamou novamente.

“Estou indo,” disse a ela, mantendo o olho em Quin, enquanto ele se aproximava da porta.

Nadando contra a corrente de pessoas, me aproximei da professora enquanto ela apagava o quadro. Ela estava demorando e isso me estava matando. Quando Quin desapareceu, meu coração afundou. Ele se foi novamente e eu me senti um lixo.

“Entrar cinco minutos antes do fim da aula não é considerado comparecer. Pelo menos não no meu livro.”

“Eu sei. E peço desculpa por isso. Corri aqui do treino. Mas prometo que não vou me atrasar novamente.”

“Soube que precisa passar nesta matéria para continuar podendo jogar na próxima temporada.”

“Isso mesmo, senhora.”

“Então, acredito que você deva levar esta aula um pouco mais a sério.”

“E prometo que vou… daqui para frente.”

“Se não quer estar aqui…”

“Mas eu quero estar aqui.”

“Por quê?” Ela perguntou de forma sincera.

“Porque é um assunto pelo qual me interesso muito. Ensinar crianças é algo que sempre quis fazer.”

“E o futebol? Ouvi dizer que você tem uma carreira profissional promissora.”

“Futebol é algo que eu sou bom. É uma benção. Mas não é…”

Eu não terminei a frase. Aquela era uma caixa que eu não queria abrir agora.

“Bem, se você está realmente levando essa aula a sério, terá muito o que procurar.”

“Eu tenho consciência disso, e estou disposto a trabalhar. Vou contratar um tutor.”

“É?”

“Sim, senhora. Na verdade…” eu disse subitamente tendo uma ideia. “Podemos continuar com isso na próxima aula? Prometo que estarei aqui na hora certa.”

“É bom mesmo. Lembre-se, a presença é obrigatória.”

“Entendi. Estou de olho. Estarei aqui. Prometo,” eu disse batendo minhas chuteiras no carpete enquanto eu andava em direção à porta.

Assim que eu estava no corredor, varri os dois lados à procura dele. Ele não estava lá. Onde ele teria ido tão depressa?

A maioria dos alunos estava entrando na escada para descer. Corri para lá e me juntei a eles. Espreitando por cima da multidão, eu não conseguia vê-lo. Eu estava prestes a me odiar por não ter saído mais cedo quando vi as costas de alguém que só poderia ser o Quin saindo da escada para o andar principal.

“Com licença. Com licença,” eu disse apertando para passar por todos.

Isso só me adiantou alguns segundos e, quando eu cheguei lá, ele havia sumido de novo.

Olhando em cada sala de aula enquanto eu corria, eu não o via. Eu estava prestes a desistir da esperança quando abri a porta do prédio e avistei seu sexy corpo a distância. Calor percorreu o meu corpo. Era como um raio de sol num dia nublado.

Correndo em direção a ele, diminuí a velocidade quando estava há poucos metros de distância. Eu não podia perder a compostura só porque estava prestes a falar com o cara mais bonito que já tinha visto. Eu tinha que fingir que beijá-lo não era a única coisa em que podia pensar desde o momento em que nos conhecemos.

“Quin?” eu disse tentando ser tão casual quanto podia.

Ele parou e se virou. Ele não parecia tão feliz em me ver quanto eu estava em vê-lo. Isso acionou uma pontada no meu peito, mas eu a ignorei.

“Pensei que era você. Como tem passado? Tem ido a grandes festas desde a última vez que eu vi você?” eu disse com um sorriso.

Quando ele não respondeu, eu disse, “Cage. Cage Rucker. Nós nos conhecemos na festa Sigma Chi.”

“Eu me lembro”, ele disse friamente. Ai! Lá estava aquela pontada de dor novamente. “Como está a Tasha? Esse era o nome da sua namorada, certo?”

“Tasha? Ah, sim. Ela está bem. Está ótima. Ah, eu fiz alguma coisa para te aborrecer? Se eu fiz, eu sinto muito”, eu disse querendo desesperadamente vê-lo sorrir novamente.

Quin me encarou com uma expressão frustrada e depois cedeu.

“Não. Você não fez nada de errado. Não ligue para mim. Eu estou apenas sendo idiota.”

“Você? Sendo idiota? Acho difícil de acreditar”, eu disse com um sorriso.

Ele me encarou novamente. Dessa vez, parecia que ele estava sondando minha alma.

“Por que você diria isso?”

“Eu não sei. Acho que você me parece uma pessoa realmente inteligente.”

Ele suavizou a intensidade de seu olhar.

“Não sou inteligente em nada que importa”, ele disse antes de continuar andando.

Eu alcancei ele.

“Eu não acredito nisso. Na verdade, eu aposto que você é muito bom em Introdução à Educação Infantil. Aposto que você é o melhor da turma.”

Quin me olhou quando eu disse isso.

“Você é, não é?”

Quin desviou o olhar.

“Que coisa. Ok. Então isso vai tornar a próxima coisa que vou dizer menos constrangedora. Acontece que eu preciso dessa aula para continuar elegível para o futebol e, por fim, para o draft da NFL. E, como não tenho ido às aulas, estou um pouco atrasado. Eu realmente preciso de um tutor. O programa de futebol está disposto a pagar pelo seu tempo.”

“Eu não posso ser seu tutor”, ele disse de forma desdenhosa.

“Por que não?”

“Eu simplesmente não posso. Desculpe.”

“Tudo bem. Então, que tal se eu tornar a oferta um pouco mais atraente?”

“O que você quer dizer?”

“Quando estávamos na festa, você disse que não era bom em ser sociável, o que eu não entendo, porque você parecia perfeitamente confortável com isso.”

“Eu só estava confortável porque…”

“Por causa de quê?” eu perguntei na esperança de que ele dissesse por minha causa.

“Nada.”

“Bem, se você quiser me dar aulas no que você é bom, posso te dar aulas no que eu sou bom.”

“Você quer dizer ser uma estrela do futebol que todo mundo quer ter por perto.”

“Primeiro de tudo, isso doeu. Segundo, há um pouco mais em mim do que isso.”

“Eu sei. Me desculpe. Vê? Eu não sou bom nisso,” Quin exclamou.

Eu peguei a mão dele o mais casualmente que pude. Tentei fingir que era apenas algo que eu fazia quando conversava com as pessoas, mas a verdade é que eu estava louco para fazer isso.

“Você é bom nisso. Pelo menos, você pode ser. Deixe-me te ajudar. Eu sei que posso te ajudar com isso. E quando estiver pronto, você será uma estrela do futebol que todos querem ter por perto como eu,” eu disse com um sorriso sarcástico.

Quin riu. Eu tive um formigamento tão intenso que achei que meus dentes iam cair.

“Então, o que você me diz?”

Quin retirou sua mão da minha. Ele não foi sutíl. Acho que estava tentando enviar uma mensagem sobre limites. Tudo bem, eu poderia respeitar isso.

“Certo,” Quin disse com um sorriso.

“Certo?” eu repeti derretendo nos seus olhos.

“Certo”, ele confirmou para minha alegria absoluta.

“Ouvi dizer que haverá uma prova nos próximos dias.”

“É daqui a dois dias e cobre duas semanas de material.”

“Parece muito.”

“É”, ele confirmou.

“Parece que suas aulas de reforço devem começar imediatamente”, eu sugeri querendo passar todo o tempo acordado com ele.

“Que tal hoje à noite? Vou preparar um plano de aula e vamos a partir daí.”

“Um plano de aula? Você não está brincando.”

“Eu não estou. Você também não pode, se quiser passar na prova.”

“Eu não vou.”

Quin hesitou. “E você não tem nenhum compromisso com a sua namorada ou algo assim, tem?”

Ser lembrado da Tasha foi um balde de água fria no meu entusiasmo descontrolado de passar a noite com Quin. Meu sorriso diminuiu.

“Até se eu tivesse algum compromisso, cancelaria. Passar na matéria e jogar futebol vem em primeiro lugar. Ela entenderia.”

“Certo. Então, vejo você à noite. ”

“Devo pegar seu número?” perguntei a ele, sem perder a oportunidade desta vez.

“Sim. Me dê seu telefone.”

Entreguei a ele e ele digitou. Um segundo depois, ouvi o telefone no bolso dele tocar.

“Você sabe onde eu moro. Vou enviar por mensagem a hora e o número do meu quarto”, disse Quin profissionalmente.

“Então faremos isso em sua casa?”

“A menos que você tenha um lugar melhor. Poderíamos ir para uma biblioteca, mas não sei quanto à conversa eles permitirão. “

“Não, seu lugar é ótimo. Estou ansioso para isso.”

“Você está ansioso para estudar?” Ele perguntou, me lembrando que isso não era um encontro.

“Claro. Introdução à Educação Infantil é pelo que vivo. Pergunte a qualquer um.”

Quin riu. Isso derreteu meu coração.

“Até mais tarde, Bochechas,” ele disse com um sorriso antes de se virar e sair. Eita, estava encrencado.

 

 

Capítulo 3

Quin

 

‘Até mais tarde, Bochechas?’ Eu realmente disse isso? No que eu estava pensando? Por que aceitei qualquer parte disso?

Não havia como resistir a ele. Quando ele olhava para mim, me fazia sentir como se eu fosse a única pessoa no mundo. O tempo parava quando eu falava com ele. Como eu conseguiria ficar sozinho com ele tempo suficiente para ajudá-lo a passar em sua matéria?

Eu deveria ter continuado a recusar ajudá-lo. Mas, a oferta dele foi bastante atraente. Eu vim para a faculdade para uma coisa, e não foi para a educação formal. Foi para aprender coisas que eu não havia e não poderia aprender com livros. Era toda a sutil troca que ocorria durante as conversas.

Pra mim, a vida seria mais eficiente se todo mundo apenas dissesse o que estava pensando e seguisse em frente. Mas, entendi que não era assim que as coisas funcionavam. Havia uma dança nisso e eu tinha que aprender os passos.

Não poderia pedir um professor de dança melhor do que Cage, embora. O que ele me ofereceu era a única coisa que eu vim para a faculdade aprender. Como poderia recusar sua oferta de ajuda?

Só tinha que continuar lembrando a mim mesmo de que ele tinha uma namorada, e não importa o que eu estivesse pensando, estava apenas na minha cabeça. Ele nunca iria me amar de volta. O nosso era um encontro de conveniência. Era só isso. E depois que tirássemos um do outro o que queríamos, seguiríamos caminhos separados.

Uma onda de dor percorreu meu corpo pensando nisso. Claramente, esta havia sido uma péssima ideia. Não havia como eu sobreviver a isso. Mas já era tarde para desistir agora. E, tenho que admitir, mal podia esperar para vê-lo de novo.

“Lou, você não pode estar aqui hoje à noite”, disse a ele quando cheguei ao meu quarto.

“Carneirinho, eu te disse, se você for ficar com algum garoto, coloque uma meia na maçaneta da porta.”

“Que tipo de meia?”

Lou me olhou chocado. “Espera, o quê?”

“Tipo, é uma meia de academia ou uma daquelas meias curtas? Porque a meia curta provavelmente ficaria melhor na maçaneta da porta.”

“Espera. Espera! Do que estamos falando? Você vai trazer um garoto aqui esta noite … [suspiro], ou uma garota? “

“Cage virá.”

Lou abriu a boca de surpresa. “O garoto da foto do Quin melancólico?”

“Sim. Mas é só para estudar. Vou dar aula particular para ele.”

“Você tem uma aula com ele. Como você está me contando isso só agora?”

“Ele não apareceu na aula até hoje. E ele estava usando seu uniforme de futebol”, disse eu com um sorriso se formando em meu rosto.

“Você quer dizer aqueles bem justos que os jogadores de futebol usam.”

“Ah-uh”, eu disse sentindo meu rosto esquentar.

“Ah! Ele não está vindo apenas para estudar, está?”

“Não, ele está”, eu disse trazendo as coisas de volta à realidade. “Ele precisa passar na matéria para jogar futebol no próximo semestre, e pediu para eu ajudá-lo.”

“Então, você está segurando a vida dele em suas mãos completamente irresistíveis?”

Olhei para minhas mãos me perguntando como mãos poderiam ser irresistíveis.

“Quer dizer, não exatamente. Mas, de certa forma. “

“Meu Deus, vocês dois vão se agarrar.”

“Nós não vamos. Ele ainda tem uma namorada. Isso não mudou. “

“Quem sabe ele queira que você se junte a eles. Você toparia, não toparia? Quer dizer, você de todas as pessoas, com seus pais e tudo mais.”

“Pra te falar a verdade, não acho que gostaria. Vejo o que meus pais têm, e é ótimo. Amo todos eles e eles se amam. Mas, não estou certo de que é para mim.”

“Então, vamos ter que separar os dois?” Lou perguntou com um olhar diabólico nos olhos.

“Não! Eu também não vou fazer isso. Se ela é quem ele quer estar com ele, então… tudo bem. Eu estou bem com isso. ”

“Quanto te doeu dizer isso?”

“Muito. Mas, vai ter que ser verdade. Não quero estar com alguém que não queira estar comigo.”

“Você é um homem melhor do que eu”, disse Lou, desistindo.

“Não sei se sou melhor, mas estou muito mais sozinho.”

“Ahhh!” Lou disse se levantando e me abraçando. Com os braços ainda enrolados em mim, ele disse: “Esse garoto vai devastar você, não vai?”

“Provavelmente.”

“Fique tranquilo, eu estarei aqui para pegar os cacos, Carneirinho. Sempre estarei. “

“A menos que você tenha um encontro romântico?”

“A menos que eu tenha um encontro romântico. Mas, tirando isso, estarei bem aqui”, disse ele se afastando e me dando um sorriso irresistível.

 

 

Capítulo 4

Cage

 

Eu consigo fazer isso. Posso passar um pouco de tempo com Quin, sem me apaixonar perdidamente por ele, e sem arruinar toda a minha vida para ficar com ele. Tenho certeza de que consigo. Porém, quanto mais próximo ficava o horário do nosso encontro, mais claro se tornava que eu não teria voz na situação.

Como é possível que todo cara, ou garota, ou quem quer que ele esteja interessado, não veja tudo o que eu vejo nele e o conquiste? Eu não entendo. O cara é lindo e adoravelmente desajeitado. Eu poderia passar meus dedos por seu cabelo escuro e ondulado até me perder nele.

Ah, e os olhos dele. Nem me faça começar a falar sobre os olhos dele, aqueles olhos vulneráveis e sedutores. Só de pensar neles já me deixa excitado. Como é que ele consegue fazer isso comigo?

É como… qual é aquela coisa que os animais liberam para atrair um parceiro? Feromônios? É como se ele estivesse liberando feromônios e não há nada que eu possa fazer para resistir.

Realmente não deveria ter pedido para ele me ajudar a estudar. Provavelmente, ele era a última pessoa que eu deveria ter procurado. Como vou conseguir me concentrar com ele ao alcance dos meus braços? Foi um grande erro. Mas, não consigo esperar. E o tempo nunca passou mais devagar na minha vida.

Esperei no The Common até a hora do nosso encontro, em vez de ir para casa e voltar. Talvez ficar com a Tasha fosse uma opção, considerando que ela morava no andar acima do dele. Mas as chances eram de que ela estava com a Vi.

As duas eram inseparáveis. Não era à toa que ela sugeriu que a Vi se juntasse a nós no sexo. Elas faziam tudo juntas. Por que não isso?

Depois de uma espera dolorosamente longa para eu ir até lá, me apressei através do quarteirão. Entrando no prédio assim que alguém saía, subi as escadas de dois em dois degraus e bati na porta dele. Ouvi um alvoroço do lado de dentro antes de uma voz desconhecida dizer: “Só quero ver”, e a porta se abriu.

“Olá,” eu disse para o cara de aparência travessa diante de mim.

“Sou o Lou, prazer em conhecê-lo,” ele disse sem me oferecer a mão nem me convidar para entrar.

“Cage.”

“A estrela do futebol?” Lou disse com um sorriso.

“Eu acho. O Quin está aqui?”

“Está sim. E qual é a sua intenção com o meu amigo?”

“LOU!” Quin gritou atrás dele. Empurrando Lou para o lado e colocando seu corpo entre nós dois, Quin disse: “Desculpe por isso. Ele estava de saída.”

O corpo de Quin estava tão perto do meu.

“Tudo bem. Lou, eu te convidaria para ficar e curtir com a gente, mas nós temos duas semanas de trabalho de aula para revisar… A menos que Quin acredite que podemos fazer os dois ao mesmo tempo?”

“Não podemos e o Lou estava de saída. Tchau, Lou.”

“Tchauzinho,” disse Lou, passando por mim para permitir que Quin me convidasse para entrar.

“Desculpe por isso. Lou tem boas intenções.”

“É sempre bom ter um amigo que olhe por você.”

“Verdade. Então, bem-vindo ao meu quarto.”

Eu olhei em volta. “É assim que a outra metade vive?”

“Do que você está falando?”

“Os dormitórios do Plaza são bem elegantes.”

“Sua namorada também não mora aqui?”

“Sim, mas isso não torna nada menos impressionante. Além disso, ela compartilha seu quarto com duas colegas de quarto. Seu lugar é melhor decorado do que a minha casa.”

“Você mora na fraternidade?”

“Não. Não sou membro. Eu sei, um jogador de futebol que não pertence à Sigma Chi, inconcebível. Mas, a vida na fraternidade ficava um pouco fora do meu bolso.”

“Onde você mora?” Quin perguntou, me conduzindo ao sofá da sala de estar.

“Em casa com meu pai.”

“Não com a sua mãe?” Quin perguntou, reunindo os livros e sentando-se ao meu lado.

“Minha mãe morreu quando eu nasci.”

Quin parou. “Sinto muito por ouvir isso.”

“Não precisa pedir desculpas. Aconteceu muito tempo atrás.”

“Então, sempre foi só você e o seu pai.”

“Isso mesmo. E às vezes, só eu.”

“Do que você está falando?”

“Nada. A gente precisa estudar. Tenho a impressão de que temos muito a revisar,” eu disse mudando de assunto.

Embora eu nunca tenha conhecido minha mãe, o assunto ainda era um ponto sensível para mim. Principalmente por causa do meu pai. Ele jamais diria isso, mas acredito que a perda dela tenha sido um golpe duro para ele. Pelo menos essa era a minha suposição.

Quin começou me mostrando o fluxo de trabalho mais organizado que eu já vi na minha vida.

“Aqui é o que vamos ter que revisar até quinta-feira”, ele disse indo direto ao assunto.

Seu jeito assertivo quase foi suficiente para me distrair do seu joelho flutuando a centímetros do meu enquanto segurava o livro didático. Ou, do cheiro que eu senti quando ele se inclinou para apontar algo numa página oposta. Oseu doce aroma de musk fazia ficar excitado. Inclinar-me para a frente era tudo que eu podia fazer para esconder.

“Você continua se inclinando para frente, está tudo bem com suas costas?”

“Minhas costas? Sim. É por isso que eu continuo me inclinando, por causa das minhas costas. Preciso mantê-las alongadas. Você sabe, por causa dos treinos.”

“Se você quiser, podemos ir para a mesa da sala de jantar? As cadeiras têm um pouco mais de apoio”, Quin sugeriu gentilmente.

“É, talvez seja melhor.”

Estava prestes a me levantar quando percebi que ainda estava visivelmente excitado.

“Ah, talvez daqui a pouco.”

“Suas costas estão realmente doendo, né?”

“Sim, estão doendo bastante.”

“Que droga. Sinto muito. Gostaria que você tivesse dito algo antes. Pode parecer estranho, mas posso te dar uma massagem se você quiser. Eu me ensinei há alguns anos. Não tive muitas oportunidades para praticar, mas acho que ainda sou bastante bom.”

“Umm…”

“Desculpe, é esquisito? Oferecer para te dar uma massagem é estranho, não é?” Quin disse, murchando diante dos meus olhos.

“Não, de jeito nenhum. Eu adoraria. Realmente ajudaria… minhas costas.”

“Tem certeza?”

“Você não faz ideia do quanto,” eu disse com um sorriso.

“Ok. Então…”

Quin olhou em volta. “Minha cama provavelmente seria mais confortável.”

Não havia como eu conseguir me levantar agora.

“Acho que o sofá vai ser suficiente.”

“Certo.”

Quin se levantou e começou a alongar os dedos.

“Tire a roupa até onde se sentir confortável e deite-se.”

Calor subiu às minhas bochechas. Ele acabou de me dizer para me despir até onde me sentisse confortável? A ideia de me despir para ele me deixou tão excitado que meu pau começou a pulsar. Só Deus sabia o que aconteceria se eu tirasse as calças. Não havia como eu fazer isso. Mas, eu poderia tirar a camisa.

Ao tirá-la lentamente, eu espreitei para Quin. O jeito que ele me olhava me causava todo tipo de sensação. Eu teria que pensar em muitos jogos de baseball se eu não quisesse ejacular em minha cueca assim que ele me tocasse. Valeu o risco, no entanto. Eu precisava das mãos dele em mim. E quando me deitei e ele subiu em cima de mim, eu estava no céu.

Com ele puxando e amassando meus músculos, eu me perdi. Jesus, como isso era bom. Era melhor que sexo, pelo menos, qualquer sexo que eu já tivesse tido. E não demorou muito antes que eu sentisse o início familiar de uma sensação que ia se intensificando.

Meu Deus, eu estava gozando.

“Preciso ir ao banheiro,” disse eu, jogando o cara menor no sofá.

Por sorte eu sabia onde o banheiro ficava e estava aberto. Fechei a porta atrás de mim, mal consegui abaixar as calças rápido suficiente antes de explodir em orgasmo.

Gemi, lutando contra o grito de prazer. Consegui pegar a maior parte de meu esperma na minha mão em vez de borrifar no teto. Mas junto veio uma tontura que me jogou filosoficamente ao chão. Bati contra o chão com um baque.

 

 

Capítulo 5

Quin

 

“Está tudo bem aí?” perguntei ao ouvir o que parecia ser o porta-toalhas quebrando seguido por alguém caindo no chão.

“Estou bem,” Cage gritou de volta. “Mas, acho que quebrei algo. Desculpe por isso.”

“Não se preocupe com isso, seja lá o que for. Tem certeza de que está bem?”

“Sim. Só preciso de um momento.”

Eu o assustei. Eu sei que o fiz. Sentado em cima dele, eu estava ficando duro e de algum modo ele sentiu. É por isso que ele me empurrou e correu para o banheiro como se estivesse em chamas.

Por que ofereci para lhe dar uma massagem? Quão estranho foi isso? Estou estragando tudo.

Mas ele disse que as costas dele estavam doendo e apenas saiu. Se alguém diz que as costas estão doendo, oferece para dar uma massagem, não é?

Ah! Eu não sei. Não sei nada. Por que sou tão ruim nisso?

“Tem certeza de que não precisa de ajuda aí?”

“Está tudo sob controle,” disse Cage antes de abrir a torneira e eventualmente sair.

Caramba, ele estava bonito parado ali com a camisa fora. Seus ombros musculosos e volumosos, seus peitorais robustos, seus abs. Como ele tinha abs sem flexionar? Ele estava somente parado ali. Como?

Me olhando com os olhos mais derretidos como de um filhote, ele disse, “Desculpa sobre isso?”

“Não, eu que peco desculpas,” disse a ele me sentindo mal por ultrapassar os limites.

“Pelo que você está se desculpando,” ele me perguntou como se não soubesse.

“Você sabe, porque…”

“…Porque você estava disposto a me ajudar em uma matéria que preciso passar para ter algum tipo de vida, e eu que tornei as coisas estranhas?”

“Vocês que tornou as coisas estranhas? Eu sou o rei de tornar as coisas estranhas.”

“Você pode até ser o rei de alguma coisa, mas isso é comigo. Olha, por que não voltamos ao estudo.”

“Como estão suas costas?”

“Estão muito melhores agora, obrigado,” ele disse pegando a camisa e a vestindo. “Isso ajudou muito. Agora consigo me concentrar. Estou um pouco sonolento, mas, definitivamente consigo me concentrar.”

Retomando de onde paramos, cobrimos muito material até Lou voltar.

“Ainda nisso? Vocês dois simplesmente não param, não é?” Lou falou brincando.

Lou estava claramente fazendo Cage se sentir desconfortável.

“É, acho que eu deveria ir.”

“Não me deixe te impedir,” Lou disse. “Você nem vai saber que estou aqui.”

“Ou, poderíamos apenas ir para o meu quarto,” eu sugerir.

“Não!” ele disse rapidamente. “Digo, talvez possamos retomar amanhã. Tem muita coisa acontecendo aqui na minha cabeça e preciso processar tudo”, ele disse, fazendo um círculo com a mão sobre sua cabeça.

“Ah, sim. Dormir ajuda a manter as informações. Então, amanhã. Se você quiser começar mais cedo, minha última aula termina às quatro.”

“Parece ótimo. Que tal nos encontrarmos na sala de estudos na próxima vez? Assim não perturbamos o Lou.”

“Ah, você não precisa se preocupar comigo. Vocês podem estudar onde quiserem”, Lou acrescentou enquanto nos observava.

“Sim, poderíamos estudar aqui,” confirmei.

Cage gaguejou suas palavras. “Acho que a sala de estudos seria melhor. Quer dizer, se for ok para você.”

Fiquei desapontado que eu tinha estragado tudo tão profundamente que ele não queria voltar ao meu quarto, mas compreendi.

“Não, está bem. Estaremos cobrindo o restante do material, então talvez você queira trazer algo para beliscar.”

Lou acrescentou, “Sendo o Quin, será uma sessão longa e dura. Muito longa… se é que me entende…”

“…Ok, eu vou nessa. Me manda um SMS,” Cage disse antes de escapar, lançando um olhar para Lou ao fazer.

“O que foi aquilo? Vai ser uma sessão longa e dura?” perguntei aos Lou chateado.

“Muito longa,” ele disse com um sorrisinho.

“O que você estava fazendo?”

“Você disse que ele tem uma namorada?”

“Sim, ele tem uma namorada!”

“Muito interessante,” ele disse, sorrindo para mim como se soubesse de tudo e eu não soubesse de nada. “Muito… interessante,” continuou ele antes de desaparecer no quarto e não retornar.

Não dormi muito naquela noite. Quando não estava tentando descobrir o que Lou via que eu não via, estava pensando em como havia tornado tudo estranho com o Cage, ou como seria ver o corpo dele nu novamente.

Eu estava uma bagunça completa. Aquele homem mexia comigo. E, depois de vê-lo apenas pela terceira vez, não conseguia tirá-lo da minha cabeça.

Por que ele tinha que ter uma namorada? Por que ele tinha que ser tão perfeito? E, por que ele tinha que ter aquelas covinhas? Alguém me explica por que ele tinha que ter tantas covinhas adoráveis?

No dia seguinte, durante a hora de estudo, foi menos estranho do que a noite anterior. A maior parte do tempo, nos concentramos no material didático e apenas desviamos do assunto quando fomos jantar.

“Eu trouxe um sanduíche extra, quer um?” Disse a ele, retirando-o da minha bolsa.

“Você trouxe um sanduíche extra?” Ele perguntou, mais surpreso do que eu poderia imaginar.

“Sim. Quer? Imaginei que tivesse muita coisa rolando na sua cabeça e talvez esquecesse de trazer algo para comer.”

“Nossa! Não estou acostumado com tanta consideração.”

“O que? Fala sério. Você é um famoso jogador de futebol. Deve ter pessoas fazendo coisas por você o tempo todo.”

“Não é a mesma coisa,” ele disse, pegando o sanduíche. “Obrigado, a propósito. Sim, há uma diferença entre alguém fazer algo por você porque recebe algo em troca, e alguém fazer algo apenas por ser gentil.”

“Eu entendo. Existem muitas pessoas que te veem como um degrau no caminho para conseguir o que querem. Você é apenas um objeto para elas. Esquecem que você também tem sentimentos. E, talvez, seus desejos não estejam de acordo com as expectativas de todos para você.”

“Nossa! Exatamente,” ele disse, olhando para mim e transformando-me novamente num monte estrondoso de paixão juvenil.

“O que?” Perguntei quando seu olhar se tornou intenso demais.

“Como você sabe expressar tão perfeitamente esse sentimento?”

O que eu deveria responder a isso? Eu gostava do Cage. Gostava muito dele, talvez mais do que deveria. Então, eu não queria assustá-lo. Pelo menos não ainda.

Além disso, escolhi a escola no meio do nada por um motivo. Vir para cá foi a melhor chance que tive de passar despercebido. Eu só queria que alguém me visse como um cara normal, pelo menos uma vez. Isso era errado da minha parte? Eu realmente não sabia.

“Meus tios jogaram na NFL. Eles me contaram.”

“Ah. Sim, eles acertaram,” confirmou Cage, relaxando o olhar.

Terminando nossos sanduíches, voltamos ao trabalho. À meia-noite, havíamos abordado tudo.

“Então, é isso?” Cage perguntou.

“É tudo que vai cair na prova amanhã. Acha que entendeu tudo?”

“Você é um ótimo tutor. Se eu não entendi algo, a culpa não seria sua. Aliás, conversei com meu técnico. Ele disse que você precisa entrar em contato com o escritório dele para receber pagamento.”

“Ah. Não se preocupe com isso,” eu disse.

“Você se esforçou tanto para me ajudar. Ninguém poderia ter explicado tudo melhor do que você. Nem mesmo o professor. Você merece ser pago pelo seu trabalho duro.”

“Certo,” concedi.

Cage me olhava de um jeito estranho e eu não consegui entender por quê.

“Já que você não está empolgado com o pagamento, que tal aquela outra coisa que prometi?”

“Certo, as aulas de ‘Como não ser desajeitado.'”

Cage riu. “Não sei se posso ensinar tudo isso. Mas pensei que poderíamos jogar uma partida de futebol americano no parque.”

“Nos seus dias de folga do futebol, você joga ainda mais futebol? Você realmente deve amar jogar.”

Cage me deu um sorriso tímido. “Você pensaria isso.”

“Então me diga, Sr. Especialista, como jogar futebol no parque vai ajudar a me sentir menos deslocado em uma festa?”

Cage pareceu pensativo. “Estive pensando nisso. A razão pela qual me sinto tão à vontade em situações sociais é porque sei que, não importa o que aconteça, conseguirei lidar. Além disso, sei que se eu disser algo estúpido, o que acontece… muitas vezes, tudo ficará bem. O mundo não vai implodir. Não vou ser mandado para o deserto para viver sozinho. Minha vida provavelmente continuará a mesma.

“E, a única maneira de chegar a essa conclusão é porque estive em muitas situações sociais confortáveis e desconfortáveis e meus caminhos através delas. Você precisa dessas situações. Precisa de suas próprias oportunidades para se adaptar.

“Então, quando estiver familiarizado com as situações mais comuns que surgem e souber o que fazer e dizer quando elas ocorrerem,” ele ergueu as mãos, “terminei.”

Eu olhei para o Cage, a mente em parafuso.

“Isso é genial. Você está absolutamente certo. O conforto social é baseado na experiência. A familiaridade traz conforto. Então, a resposta é estar disposto a se sentir desconfortável. Não tenho certeza se teria pensado nisso.”

“Acho que sou bom para alguma coisa, afinal,” disse Cage orgulhoso.

“Embora eu não seja exatamente um jogador de futebol. Então, não tenho certeza se ser atropelado por esportistas me vai me encher de confiança como você acha que fará.”

“Você vai ter que confiar em mim,” disse Cage com uma piscadela.

Por que ele tinha que piscar? Ele não percebe que estou fazendo o meu melhor para vê-lo como um amigo? Por que ele tinha que me lembrar o quão sexy ele é?

Ofereci a ele um adeus demorado que se transformou em um abraço estranho, e voltei para o meu quarto e cama. Aconchegado, ouvi Lou entrar no apartamento e se aproximar da minha porta.

“Sei que você não está dormindo”, disse ele sem bater. “Sei que você está se escondendo aí porque não quer me dizer como foi. Ou, ele está aí com você. Vocês estão fazendo isso? Meu Deus, vocês dois estão fazendo isso!”

“Boa noite, Lou!” Eu disse precisando que as provocações terminassem.

“Noite, Cordeirinho”, ele respondeu sorrindo enquanto saía.

A ideia de Cage e eu nus juntos permaneceu na minha mente pelas próximas três horas. Culpo o Lou por isso. Quando acordei, já estava atrasado para a aula. Correndo pelo campus e entrando abruptamente pelas portas do auditório, senti o que Cage havia sentido.

Enquanto todos se viravam para me olhar, o único que realmente me importava era Cage. Ele estava lá? Ele tinha conseguido?

Quando o vi meu coração palpitou. Ele estava sorrindo para mim. Foi como tomar cinco xícaras de café de uma vez.

Professor Nakamura levantou uma folha de exercícios e apontou para um lugar vago. Era do outro lado da sala, longe de Cage. Talvez fosse melhor assim. Eu não tinha certeza se conseguiria olhá-lo nos olhos considerando todas as coisas que o fiz fazer nos meus sonhos na noite anterior.

Com o cérebro trabalhando mais lentamente devido à falta de sono, eu estava longe de terminar quando a aula acabou. Pensei que continuaria respondendo às perguntas até alguém me dizer para parar. Ficando de olho no professor, não perdi quando Cage entregou seu papel e disse algo a ela. Ela olhou para mim imediatamente depois e então Cage piscou para mim novamente enquanto saía.

Quando eu era o único restante, professor Nakamura disse, “Cage me contou que você passou a noite o ajudando nos estudos, então vou lhe dar mais 20 minutos.”

“Obrigado, professor”, eu agradeci aliviado.

Os 20 minutos foram escassos. Mas eu terminei, graças ao Cage. O cara estava fazendo algo comigo do qual eu não seria capaz de voltar atrás. Mal podia esperar para o nosso encontro de futebol americano acontecer para poder vê-lo de novo. Ele era tudo o que eu conseguia pensar até que isso acontecesse.

Quando o vi estacionar sua caminhonete e se aproximar de mim na entrada do parque, não pude evitar de sorrir. Ele também estava sorrindo. Deus, como eu amava o modo como ele sorria. Quase compensava o stress que eu sentia sobre o que iria acontecer a seguir.

“Está pronto para isso?” Cage perguntou parecendo confiante e maravilhoso.

“Não.”

“Está nervoso?”

“Um medo paralisante seria o termo mais adequado.”

“Não há nada para se preocupar. Seja você mesmo. Se disser algo estranho, continue sem se abalar. Lembre-se que o mundo não vai acabar, e ninguém aqui será menos constrangedor que você.”

“Duvido muito. E seus colegas de equipe vão me massacrar. Não sei se você sabia disso, mas eu não sou um cara grande.”

“Tudo é relativo”, Cage disse com um sorriso.

“Como assim?”

“Cage!” Uma voz disse chamando minha atenção. Eu me virei e olhei. Era uma criança quem tinha dito isso. Ele deveria ter uns dez anos e era um dos 15 do mesmo grupo.

“Vocês estão prontos para jogar um pouco de futebol?” Cage gritou entusiasmado.

“Siiiiim!” Eles gritaram de volta.

“Nós vamos jogar com as crianças?” Perguntei confuso.